Yuru Yuri - A noite das gotas de chuva

 

Em meio as ruas molhadas da grande cidade, às duas da madruga e abraçada ao seu próprio corpo, Akari caminhava sem norte algum, prendendo soluços em sua garganta na qual já doía. O frio aumentava, acompanhada das gotas de água que caíam do céu sobre o solo e sua cabeça.

⠀⠀⠀⠀⠀Tudo doía. Sua cabeça, seu peito, e seu coração. Por que a machucaram tanto? O que havia feito para merecer isso? Por que a tratavam como se não fosse ninguém? Ela queria entender. Seu peito queimava com a mágoa e a tristeza que acumulavam, gotas traiçoeiras e rápidas deslizavam pela pele branca. Não conseguia conter sua dor, não conseguia trancar dentro de si, aquilo doía muito, como se fossem diversas facas atravessando seu frágil corpo.

   Akari não aguentava mais, não queria mais sentir aquela dor e sofrimento, ela precisava acabar com aquilo – ou então aquilo acabaria com ela antes.

⠀⠀⠀⠀⠀ Ela só queria voltar a ser aquela garota feliz que era, a menina do sorriso doce e amigável, a menina do abraço aconchegante, a menina dos bons conselhos, onde foram parar todos aqueles momentos? Oh, belos momentos. Momentos que infelizmente, não voltaram mais.

⠀⠀⠀⠀⠀ Ela queria fazer aquilo parar, aquilo tinha que parar, já não estava mais aguentando se derramar aos prantos sozinha, sentada ao degrau de uma loja enquanto as gotas de chuva continuavam a cair sobre si, a encharcando. Não havia mais saídas, aquilo iria parar de um jeito, ou de outro. Sim, iria doer ainda mais, porém iria parar.

⠀⠀⠀⠀⠀ Uma ponte deserta, com luzes amareladas fracas e nada mais. Olhou para cima na esperança de receber um sinal, alguma mensagem ou chamado, mas só escutava o barulho dos trovões e de seus soluços embargados. Iria parar, aquela dor iria parar. Até que parou. Parou com um relógio sem pilhas, seus ponteiros não funcionavam mais, assim como seus olhos já não se abriam mais. A dor parou, mas sua mágoa ainda era a mesma.

The End.