Yuru Yuri - Junto a ti
Ela se sentia nervosa estando no quarto de sua querida senpai, Yukino Onodera.
Não sabia quando havia começado a se sentir assim, mas se encontrava tendo a famosa "queda" por ela. O que a fazia sentir que vivia um clichê naquele momento.
Agora, Yukino estava lendo suas anotações e alguns livros enquanto ela apenas dedilhava notas aleatórias em seu violão.
— Você está ficando cada vez melhor nele, Akari. — Yukino disse ao fechar os olhos por um segundo. Uma ação que sempre realizava quando desejava se conectar mais a melodia que a amiga tocava.
— Não sou tão boa assim. — Akari respondeu. — Entrei para o clube de música há pouco tempo. Lá tem muitas pessoas melhores que eu.
— Isso pode ser verdade. — Yukino se virou para ela e sorriu. — Mas ainda amo ouvir você tocar.
No fim da tarde, voltava para sua casa. Seu coração parecia bater alegremente sempre que ela ouvia Yukino falar sobre sua música. Sentia-se bem, como se aquilo fosse tudo o que bastasse para ser feliz.
Porém, outra sensação preenchia seu peito. Era algo que a fazia ficar inquieta. Sentia que querer dizer logo a Yukino sobre sua paixão. Parecia não ser justo tocar por ela, se dedicar tanto à música por ela e não contar a verdade.
Yukino era sempre uma pessoa gentil e cuidadosa. Além de habitualmente ajudar quando precisava estudar para algum teste ou quando a ouvia sempre que precisava praticar alguma música.
Yukino era a força que a impulsionava para frente, o sorriso que ela lhe lançava conforme a ouvia tocar... Era quase o suficiente para fazer com que cometesse um erro com as notas, mas ela se esforçava. Para Yukino, ela queria tocar da melhor maneira possível.
Quando entrou em seu quarto, Akari deixou o violão sobre a cama e apanhou um caderno que ficava sobre a cabeceira. Conforme o folheava, ela se via cercada de músicas que a enchiam de inspiração. Parando próxima a última folha, ela encontrou uma música que esteve sempre em sua mente.
"Eu acho que alucino com sua voz
E quando eu fecho meus olhos eu
Eu escuto meu coração "
"Para você latejar
E você não vê o que eu sinto?
Quando eu olho em seus olhos eu morro lentamente
E você não vê o que eu faço?
Que eu daria toda a minha vida para ser
Com você"
Uma nota desafinada a fez parar de tocar. Seu coração estava apertado em seu peito. Apenas pensar em usar uma música para dizer a Yukino o que sentia já a deixava nervosa. Temia que, quanto mais tempo passasse, mais aquele medo aumentaria e ela se encontraria presa na paranoia de que deveria guardar seus sentimentos de Yukino.
Foi então que duas batidas leves na porta a tiraram de seu transe, mas sendo seguidas pela voz de Yukino, só faziam seu coração se apertar mais.
— Entre. — Akari disse com certo receio.
Quando entrou, Yukino trazia consigo um caderno de capa escura, que ela logo reconheceu como seu.
— Você o esqueceu em minha casa. — Yukino explicou. — Imaginei que fosse precisar dele para estudar.
— O-Obrigada. — ela respondeu um tanto sem jeito.
— Está praticando mais uma vez? — Yukino perguntou quando por fim percebeu o caderno aberto na cama e o violão deixado de lado. — Desculpe interromper.
— Sem problemas. Hã... Yukino? Posso pedir uma coisa? — Akari disse nervosa, desviando o olhar, sentindo-se envergonhada do que estava prestes a fazer. Mas havia um pequeno pico de coragem que a atingiu e ela temia que não o encontrasse mais se adiasse aquilo.
— Claro. — Yukino sorriu. — É alguma matéria que tem dificuldade?
— Não. — Disse sem rodeios. — Tem algo importante que quero te contar.
A expressão de Yukino era de preocupação, mas ela assentiu.
— Se eu puder ajudar é só dizer, Akari.
— Faz um tempo que penso em algumas coisas. — Akari falou enquanto procurava as palavras certas para expressar o que pensava. — Tem algo que quero que você saiba.
Ela apanhou o violão mais uma vez. Conforme dedilhava as cordas, ela sentia pequenas agulhas em sua nuca. Seu nervosismo dava nós tão fortes em sua garganta que ela temia que a voz não saísse.
"Bata na minha porta amor
E pode parecer uma ilusão
Mas eu sei que não é coincidência
Foi um jogo do destino
Paranóia não é real
Quando se trata de amar
Vem eu só quero ouvir
Que você sente o mesmo
E é isso que você não entende?
A vida vai embora em um segundo
E é isso que você não entende?
Que eu daria toda a minha vida para ser
Com você
Se eu te encontrar nas estrelas eu posso descansar
Com você
Eu daria o mundo inteiro apenas para ser "
Yukino a ouvia atentamente, a surpresa era a única expressão em seu rosto, o que só fazia o medo em seu peito crescer. Quase como se já imaginasse o fim que aquilo teria, e por muito pouco Akari quis deixar de tocar aquela música e esperar que o chão se abrisse e a engolisse por completo.
Mas seguiu, apesar de ter errado algumas notas, sentia-se tão nervosa que apenas torcia para ter decorado a maior parte da letra, pois sua mente era tão cheia de paranoias que mal pensava no que tocava ou cantava.
Quando por fim encerrou a canção, ela fechou os olhos com força, a mesma que usava para se agarrar ao violão.
— Akari...
— Desculpa. — ela disse, mas sua voz saiu tão baixa que duvidava que Yukino a tivesse ouvido.
— Akari. — Yukino a segurou pelos ombros com delicadeza. Seu rosto estava vermelho e parecia tão perdida quanto ela. Mas sorria, como se algo muito bom tivesse acontecido.
Ela deixou de lado o violão e a abraçou. As piores hipóteses que sua mente havia dado a ela tinham passado longe da reação que Yukino havia tido.
— Obrigada. — ela disse feliz.
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